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SEO além do clique: adaptando estratégias para a nova era da busca com IA

Trabalho com SEO há anos e, nesse tempo, já assisti a muitos ‘enterros’ da minha própria profissão. Uns mais dramáticos, outros apenas simbólicos — mas todos, no fim, acabavam em reflexão.

Em maio de 2024, o Google deu um passo decisivo na integração da inteligência artificial à experiência de busca com o lançamento dos AI Overviews (AIOs). Um ano depois, o impacto dessas respostas geradas por IA é profundo — não apenas para os usuários, mas, principalmente, para marcas e profissionais de SEO.

Tive contato com um excelente relatório feito pela BrightEdge em que ele mostra um panorama do que realmente mudou nesse pouco mais de um ano de AIOs. O relatório revela uma mudança clara no comportamento de busca: o volume de pesquisas está crescendo — mas os cliques, caindo.

Diante dos dados, minha intenção aqui não é rebatizar o SEO ou causar espanto. É refletir. Todos os dados a seguir foram retirados desse relatório, que mostram um recorte do público norte-americano. Portanto, ele pode (e deve) ter diferenças pensando em nossa realidade. Mas podem ser um bom ponto de partida.

A nova realidade: mais buscas, menos cliques

Desde que os AIOs foram ativados, o volume de impressões no Google aumentou 49%. Isso indica que as pessoas estão buscando mais — e perguntando de forma mais sofisticada. Mas enquanto a visibilidade cresce, os cliques caíram em média 30%, porque muitos usuários encontram as respostas que precisam diretamente no resumo gerado pela IA.

A consequência é clara: estar visível não depende mais apenas de ranqueamento orgânico, mas ser citado se tornou algo que pode ser um diferencial importante.

Outro ponto importante, já mencionado pelo Google, é a criação de conteúdos úteis, confiáveis e que priorizam pessoas. Estratégias pensadas somente em número de volume de busca mensal já não são mais tão eficientes, pois esse tipo de palavra associada a esse conteúdo acaba sendo “bem servido” pela IA (GPT, Gemini) sem a necessidade de citar alguma fonte, que seria uma oportunidade para negócios.

Quem está ganhando visibilidade com os AIOs?

Alguns setores já mostram penetração quase total de AIOs nas buscas:

  • Saúde e Educação: temas factuais, com conteúdo evergreen (Conteúdos evergreen são conteúdos que mantém sua relevância e valor informativo por um longo período, independentemente da data de publicação )e alta demanda
  • B2B Tech: subiu de 40% para mais de 70% de cobertura em um ano
  • Seguros: triplicou a presença em AIOs desde o lançamento

Esses segmentos têm em comum um conteúdo altamente estruturado, técnico e confiável — exatamente o tipo que a IA consegue processar com eficiência para oferecer resumos consistentes.

A revolução das queries complexas e técnicas

Os usuários estão mudando a forma como buscam. Consultas com 8 palavras ou mais cresceram 7 vezes em um ano. Além disso, termos técnicos, como “microservices infrastructure for hybrid cloud deployment”, cresceram 48% em volume de busca.

Isso mostra que o usuário quer respostas mais elaboradas, específicas e contextuais — e que espera que a IA entenda a nuance dessas perguntas.

No antigo formato de busca também passamos por essa evolução. Antigamente o usuário pouco utilizava palavras long tail, mas a utilização dos mecanismos de busca se modificou quando o usuário prezou por resultados mais específicos.

A queda dos comparativos: o Google está decidindo por você

Consultas como “melhor celular de 2025” ou “X vs Y” estão em declínio (queda de 60%). O motivo? Agora o Google — via IA — faz a curadoria por você, entregando listas, recomendações e resumos estruturados com base em fontes confiáveis.

O usuário, cada vez mais, está deixando de pedir comparações explícitas e aceitando os resumos que a IA apresenta como resposta final.

A oportunidade escondida nas páginas de baixa posição

Um dos dados mais surpreendentes: 89% das citações usadas em AIOs vêm de páginas fora do Top 10. Inclusive, houve um aumento de 400% nas citações de páginas nas posições 21 a 30.

Isso significa que mesmo sem estar bem ranqueado, seu conteúdo pode aparecer na resposta da IA — desde que seja útil, bem estruturado e tecnicamente sólido.

E o e-commerce? Ainda com cobertura tímida

Ao contrário de outros setores, os AIOs ainda têm baixa penetração em buscas de varejo e e-commerce. A explicação pode estar na necessidade de confiança e precisão, além de questões relacionadas à monetização de anúncios.

Para quem trabalha com e-commerce, o SEO tradicional ainda é a principal porta de entrada para o tráfego orgânico.

O que muda na estratégia de SEO a partir de agora

Com base nos dados do relatório, fica claro: não basta mais ranquear — é preciso ser recomendado.

A seguir, algumas diretrizes para se adaptar à nova realidade:

  • Escreva para ser citado: Responda perguntas de forma direta e organizada, com linguagem clara e foco em tópicos específicos.
  • Use headings estruturados (H2, H3) e conteúdo que se aprofunde em tópicos técnicos.
  • Otimize para intenção e contexto, não só para palavras-chave.
  • Atualize conteúdos existentes para incluir respostas objetivas e exemplos reais.

O próprio Google, através de sua área de Central de Pesquisa, fez um post detalhado de como fazer com que o seu conteúdo tenha um bom desempenho dentro das busca de IA. Vale a pena dar uma conferida também.

O SEO, mais uma vez, não morreu. Ele evoluiu

Temos saído, cada vez mais, do clique e numeração de posição e estamos na síntese, a citação, a utilidade real. 

Num cenário onde o Google responde antes de encaminhar e com IAs cuspindo conteúdos vazios de informação e cheios de caracteres, nossa missão como profissionais é outra: ser fonte, ser referência, ser confiável o suficiente para estar presente mesmo quando o usuário não clicar. 

O jogo mudou. Mas quem sabe jogar, continua em campo.

Danilo Oliveira

Não importa há quantos anos eu esteja no mercado do marketing digital fazendo SEO, eu anda não sei escrever sobre mim.

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